domingo, 14 de novembro de 2010

Viagens na Minha Terra ou: de Lisboa ao Porto...

De Lisboa ao Porto, de comboio...


Peguei num livro de que gosto muito, “Viagens na Minha Terra”, de Almeida Garrett. Pouco falado e tão bom!

Já lá vai o tempo em que era leitura “obrigatória” no programa de Português -que o obrigatório nunca é a maneira melhor para se “amar” um livro, ou um escritor. Mas, enfim, ao “ter” que o ler... até pode acontecer amá-lo.
Eu li-o ainda jovem, mornamente, sem interesse especial, e reli-o e “ensinei-o” muitos anos mais tarde.

Numa dessas leituras “apaixonei-me “ pelas Viagens.
Obra vária, admiravelmente bem escrita, cujo género é difícil de definir, misto de impressões de viagem, comentários sobre arte, descrição de paisagens –tudo isso se vai entrelaçar, ao longo do livro, com uma novela romântica sobre acontecimentos do tempo de Garrett ocorridos perto dos lugares descritos por ele.

Livro cheio de humor, de poesia e com a bela história da Joaninha dos Olhos Verdes como diriam os que gostam desses “apartes”, novelita dentro do romance, com a figura tão doce de Joana, " a menina dos rouxinóis" -tão quase “menina e moça”, próxima pela pureza, sacrifício, generosidade, esquecimento de si da figurinha do misterioso Bernardim Ribeiro.
Mas tudo isto vem a propósito de outra coisa. No entanto as Viagens estão relacionadas, como ponto de partida.
Ora ouçam o início do livro de Garrett:
"Que viaje à roda do seu quarto quem está à beira dos Alpes, de Inverno, em Turim, que é quase tão frio como São Petersburgo –entende-se. Mas com este clima, com este ar que Deus nos deu, onde a laranjeira cresce na horta, e o mato é de murta, o próprio Xavier de Maistre, que aqui escrevesse, ao menos ia até ao quintal.Eu muitas vezes, nestas sufocadas noites de Estio, viajo até à minha janela para ver uma nesguita de Tejo que está ao fim da rua, e me enganar com uns verdes de árvores que ali vegetam sua laboriosa infância nos entulhos do Cais do Sodré. E nunca escrevi estas minhas viagens nem as suas impressões: pois tinham muito que ver! Foi sempre ambiciosa a minha pena: pobre e soberba, quer assunto mais largo. Pois hei-de dar-lho. Vou nada menos que a Santarém: e protesto que de quanto vir e ouvir, de quanto eu pensar e sentir se há-de fazer crónica."
Por curisidade deixo aqui as palavras do prefaciador organizador da 2ª edição (Portugália Editora, 1963), por onde li.

É ele o estudioso Augusto da Costa Dias.

Diz assim: “Se Garrett nascesse e escrevesse em Inglaterra, como Byron, ou em França, como Musset, Viagens na minha terra seria uma obra-prima universal”.

Penso que sim...

Seguindo, pois, o exemplo de Garrett, decidi dar umas voltas e fui até ao Porto!

De combóio, como ele, o que é, sem dúvida, a melhor maneira de viajar, ver a paisagem, tirar fotografias (uma mania que tenho e irrita muito boa gente que me acompanha!) e a ler um livrinho policial ou de espionagem, de aventuras, poesia...

Desta vez, até comprei um novo autor que me tem causado alguma curiosidade: Daniel Silva. Não, não é português, é americano, se bem que esteja convencida que terá a s suas origens de (judeu) português.Penso vir a falar nele: “o Espião Inglês”.

Gosto da maneira como escreve, directa e simples, mas ainda não posso dizer mais nada, porque levei o tempo a olhar para os campos lá fora e a dar conversa ao acompanhante.

Não falar da minha viagem ao Porto, mas vou mostrar as fotografias que ia tirando ao longo do percurso e outras da cidade invicta!

Desde o ponto de partida, fui fotografando o que pude...
O tempo estava vário e ora estava sol ora, de repente, chuviscava, escurecia como se fosse noite, ou caía uma bátega de água em que não era possível apontar a câmara! Quero dizer, o meu telemóvel novo...

Cascais, baía, com sol...


Não resisti a pôr este coelhinho da Paula Rego que, dias antes, tinha "apanhado" em flagrante, nos azulejos do metropolitano...

Deixei Lisboa e os seus encantos que se descobrem pelas ruelas da Baixa: as leitarias, as ruas, a luz inigualável dos fins de tarde, os azulejos arte nova pelas paredes...

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Lisboa, Rua de Santa Justa

Rua do Ouro

Já no comboio, passo pela bela Gare do Oriente, um tanto misteriosa na sua transparências, aço e vidros que não conseguem encobrir o céu...



Lisboa fica ficando para trás."Pouca terra, muita gente"...

Começa o aguaceiro. Torna-se difícil fotografar toda esta parte do percurso...

Vou sempre tentando "captar" uma imagem ou outra. Perto de Coimbra, aqui.

Quando o tempo melhora, já estamos a passar frente ao areal e às dunas de Espinho...

A passadeira de ripas de madeira que corre junto ao mar...

Ensombrece de repente...

Volta a abrir o sol...

Escurece de novo...

Volta a abrir o sol

Uma povoação passa a correr...


Lá ao longe é já o Porto...

Ainda uma casa, isolada, abandonada, noutra povoação..

Muros e graffitis...
Muito perto do Porto...

Linda casa -antigo colégio?- também abandonada

À vista: o Porto e a ponte D. Luís

A ponte e um barco que desce o rio...

A ponte ficou para trás...


Aproxima-se a estação da Campanhã...

Já no táxi: A Igreja do Bonfim, no Campo das Cebolas

Porto. A Igreja do Bonfim onde fui ao casamento do meu tio...


Espero que tenham gostado da viagem! Prometo contar mais coisas..

10 comentários:

  1. Deve mesmo ter sido um óptimo passeio! De facto, é muito bom viajar de combóio quando funcionam...

    Beijos com saudades!!!

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  2. Adoro viajar de comboio...
    Obgda!
    »E tu? Nada de viagens por agora?
    Saudades e um beijinho

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  3. Levo 40 anos fora de Portugal, mas se as Viagens na Minha Terra não continuam a ser consideradas uma obra-prima da literatura portuguesa, parece-me lamentável.
    Espero que a viagem ao Porto te tenha valido a pena. Tiveste-me preocupada com o teu silêncio!Beijinhos

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  4. O problema não é esse, María... O problema é que não se lêem tanto como deveriam ser lidas. E não se fala também dos que "passaram", estamos todos virados para o presente (?), quero dizer: a falar uns dos outros, sempre os mesmos...
    O Porto vale sempre a pena, mas vim cansadíssima.
    beijinhos

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  5. Lindas fotos e magnífica viagem.Meu coração se alegra em tamanha felicidade que encontrou na volta as raízes. Parabens e um pouquinho de inveja. Fica na paz.
    Mr Butterfly

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  6. MJFALCÃO,

    Venho agradecer as palavras gentis que deixou na minha janela.
    Gostei muito deste post e da maneira como abordou a visita a Lisboa. Li "As Viagens na Minha Terra" há uns anos e recordo-me que me deu prazer. O seu espaço é muito bonito, é beleza que vejo por aqui.
    Irei visitar o site que refere, pois, sou uma amante de arte.
    A última vez que estive em Paris foi num dos feriados grandes antes do Natal. Vale a pena ir nessa altura tem uma luz ainda mais intensa.
    Desejo que o seu sonho se realize o mais breve possível. Viajar aquece a alma. A conjuntura é que agora não está animadora mas ... os desejos têm que se realizar.
    Bom dia!:)

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  7. Gostei da reportagem fotográfica referente à viagem de que fala.
    Gosto também dessa mestria, com que entrança a escrita e o figurativo.
    Fotografias muito boas e, por telemóvel, quem diria.

    Cumprimentos.

    helder (rialto)

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  8. Obrigada amigo Rialto! Bem, é um super-telemóvel que o meu filho "achou" que eu devia usar, depois do meu antigo se "ter afogado" em vinho, como já aqui contei...
    Adoro tirar fotografias!
    Abraço

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  9. Muito gira a viagem.Belas fotos.Há tanto tempo que não viajo de comboio e quanto gosto!
    Beijinhos
    Branca José

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  10. lembras-te, Zé? A primeira vez que fomos ao Porto íamos as duas sozinhas! Éramos adolescentes e fomos no "Flecha de Prata"... Uma aventura! Nunca me esqueci...
    Beijos!

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