quarta-feira, 6 de abril de 2011

Aimée Césaire, o grande poeta da "negritude" entrou hoje no Panteão em Paris!

Hoje 6 de Abril, Aimé Césaire o grande poeta francês da “negritude” (nascido na Martinica) entra hoje no Panthéon !

Ao lado de outros grandes nomes da França (Voltaire, Pierre e Marie Curie, Victor Hugo, Emile Zola, e Jean Moulin...) e junto de outros combatentes contra o esclavagismo e o colonianismo.


Morreu em 17 de Abril de 2008. As suas cinzas ficaram na Martinica natal. Mas esta manhã Aimée Césaire "entrou" no Panteão, em Paris.

a Martinica, vista por Claire Lebonte

Numa cerimónia de homenagem nacional, com a presença do Presidente da República e de personalidades de todos os campos políticos, uma placa foi colocada que imortalizará para sempre, ali também, o seu nome.

Poeta, dramaturgo, homem político, incessante combatente pela dignidade e pela igualdade, quis ser um rebelde toda a vida. Um homem livre.


Le Monde, online:

“A partir de hoje, os visitantes poderão encontrar numa mesma cripta figuras associadas aos combates contra o esclavagismo e o colonialismo, junto com outras figuras igualmente importantes da cultura francesa de todos os tempos. "

Césaire que se ergueu tantas vezes a voz contra todas as formas de ostracismo do "diferente" e se queixou do enselvajamento do mundo.


O mesmo mundo que permite hoje, mais do que nunca, a “fabricação de pessoas descartáveis”, que se podem “deitar fora” em qualquer momento.


Sociedades que "desumanizam o homem mesmo o mais civilizado”, gritava ele.

Césaire que falou das injustiças, combateu todos os racismos, defendeu a sua “negritude” com orgulho:

O meu nome: ofendido; apelido: humilhado; estado civil; revoltado; idade: idade da pedra. A minha raça: humana. A minha religião: a fraternidade

Com os versos que se seguem, começa a última recolha de poesias que o poeta fez (cerca de 63 poemas), com o título “Moi, laminaire”
"J'habite une blessure sacrée

j'habite des ancêtres imaginaires

j'habite un vouloir obscur

j'habite un long silence

j'habite une soif irrémédiable

j'habite un voyage de mille ans

j'habite une guerre de trois cents ans..."

"O poeta define-se com este nome comparando-se com as “laminares” que são longas algas agarradas aos rochedos submarinos das Ilhas das Caraíbas” (Daniel Maximin, no blog: http://aime-cesaire.blogspot.com/2007/05/aim-csaire-pre-de-la-ngritude_28.html)
O rebelde que defendia que se devia "reconstruir o que foi destruído", teve a força de sempre "inventar" em vez de “seguir”, a força de “inventar a nossa própria estrada livrando-a das formas já feitas, das formas petrificadas que a obstruem”. Sem nunca abandonar o sonho nem a poesia...

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