domingo, 17 de abril de 2011

Irene Lisboa e "começa uma Vida": lembrar que a vida começa todos os dias! ("clube dos poetas vivos" dixit)


(Historietas). Lisboa, Portugália editora, S/d. In-8.º; de 198-V págs. Ilustrado com desenhos de Keil Amaral.

Decidi com algumas amigas e amigos iniciar uma espécie de clube. Pensei chamar-lhe "Clube dos poetas vivos"!



Homenagem evidente, claro, ao filme que não esquecemos nunca: Dead Poets Society!


Um clube que faça da palavra "voar" com as próprias asas uma espécie de desejo absoluto!



Aqui deixo algumas das respostas recebidas:


"Por aqui tens mais cinco, sempre. Só há uma saída: mudar o rumo. Que tal o título "Mudando o ritmo das coisas"?



Já estamos nos metendo né? faz bem lutar sempre, flores em punho e lá vamos nós" (as cinco poetisas da "cozinha dos vurdóns").


Blog Trepadeira:


"Tento sempre viver ao ritmo da natureza, também da minha. Muitas vezes não sei o que quero mas, sei sempre o que não quero.


Caio muitas vezes sempre com vontade de me levantar.Luto sempre por aquilo em que acredito.


Também gosto de preguiça, preguiça a ouvir a natureza, preguiça a ver o Sol nascer, preguiça a ouvir uma voz de sonho, preguiça..., preguiça.


Não quero ultrapassar ninguém." (Trepadeira)


A Ana, do In(Cultura):


"Confesso, MJ Falcão que o título do seu post (desistir de viver...ou) me assustou - porque é uma mulher com fibra e optimista.


No entanto, à medida que fui lendo acompanhada das imagens, comecei a entender.


O tempo, é algo angustiante, passa num fio e as horas tecidas não nos deixam aproveitar o dia. É preciso ter tempo sim. Mas não chega..."

(não esquecer o velho "carpe diem", Ana! Deixo-lhe o John Lennon. Pelo menos cantou, teve tempo para o seu amigo gato...e depois morreu -tão cedo!)


A Maria ("ainda é de dia"):


"Faço minhas as palavras do Mário,"com a devida vénia", e por uma vez...Gosto de ver-te tão guerreira, é bom sinal!"
(eu, guerreira, quando me irrito, pareço o Calvin!)


A Isabel diz, com certa esperança:

"Isto promete! Os sócios a aumentar...Maria João se me permite usar o seu espaço deixe-me dizer : Trepadeira, 200% de acordo."


A Carlota ("Orquídea") entusiasma-se, como sempre:

"Adorei o nome. Sócia nº2!"


Do outro lado do mar, Érico Cordeiro ("Jazz+Bossas"):


"Solicito a minha carteira de sócio do clube! Quisera poder abandonar a síndrome da falta de tempo e poder fazer um pouco do que sugere!"



Começou como uma brincadeira... mas vai seguir em frente...


Decidimos que a vida pode ser mudada, não foi?! Ou o seu ritmo. Ou a atitude.


Que a vida pode começar todos os dias, com outros gestos, outra atitude, outra procura, outras exigência.


Que rir é importante, que subir na carreira não é tudo, que a preguiça até pode ser uma coisa positiva...De acordo?

palhaços do Cirque du Soleil

Ter outra atenção ao que nos rodeia, outra participação através da nossa “indignação” e da nossa recusa. Não nos calarmos! Referir o que é essencial na vida dos homens e que não deve ser sacrificado. E que somos responsáveis pelo que fazemos e escolhemos.

Trazer um encanto e uma beleza à vida e também outra “generosidade”, ter a consciência aguda de que o outro – o que é diferente de nós- vive ao nosso lado, separado e sozinho.


Sim, o estrangeiro, o “métèque”, esse de que falava Moustaki.


Não resisto a pôr um texto do blog "sobre o risco", de hoje:


"Um homem que não ama é um homem morto. E o retrocesso, sinal do nosso tempo, impõe-nos sufocarmos os sentimentos.

Claudio Magris publicou, no “Corriere della Sera” 07/04/11), um artigo admirável, pertinente, corajoso, onde, acerca da vaga migratória, tão temida por toda a Europa, escreve:


“O mundo inteiro é um impudico, ambíguo, teatro de desigualdade”. Explicita: um palco da “inaceitável desigualdade, à partida, entre os homens”.

A tolerância de tal barbaridade significa regressão. E a regressão é, sempre mais o alicerce daquilo a que os nossos egoísmo e indiferença chamam progresso.

Não há emigrantes voluntários: só emigra quem não está bem onde está. E, a quem está bem, cabe o dever de acolher os que o procuram e ajudá-los."


Este “Clube dos poetas vivos” é um meio de chamar a atenção para tudo aquilo que nos choca, no quotidiano que queremos seja diferente: dizer o que nos entusiasma e o que nos indigna...


Talvez haja algo de poetas em nós, para acreditarmos nisto. E há de certeza, à nossa volta, tanto poeta vivo que quer dizer, quer acreditar...


É a eles que dedicamos este clube!


Vamos lembrar os escritores e artistas esquecidos de quem se não fala...Que não podem falar, nem defender-se.
Desmotz
o pintor Edward Le Bas, (art-inconnu) "solidão"

o pintor André Cortes, (art-inconnu)


Animar as livrarias que se preocupam com a qualidade dos livros, que ainda sabem "aconselhar" livros, que não os vendem como um normal "produto" ou mercadoria, ao peso, mas sabendo o que os livros têm lá dentro e que cada um tem uma alma diferente, como o seu autor...


Trazer qualquer coisa boa, cada dia...

E não nos limitarmos a ser “amorfos” espectadores da vida.

O clube conta como sócia nº 1 a Isabel, nº 2 a Carlota, nº 3 a Maria, nº 4 a Ana e nº 5, 6, 7, 8, 9 as amigas da Cozinha dos Vurdóns, nº 10 Érico, do Jazz+bossas.

Conto o amigo Mário - do blog Trepadeira- já como sócio honorário: porque não se cansa de falar das injustiças contra a natureza!

borboleta amarela

E protege as plantas e os animais. E fala das espécies em extinção e dos passarinhos que são mortos para nada. E tem lindas borboletas e pássaros e cavalinhos de el-rei no seu blog!

Esperam-se novas adesões ao clube...

A ideia era trazer ideias...

Uma ideia: o meu blog serviria de “meio” para quem tiver uma ideia, e quiser falar...


Falar é importante. Mas só se se seguirem actos. Vontade. Falar por falar, para nos "mostrarmos", numa forma mais ou menos inconsciente de narcisimo (inevitável) não ajuda muito.
Caravaggio, "Narciso" (que, por acaso encontrei no blog "feira das vaidades"...)


Cito uma frase, num comentário ao blog (In)Cultura, que achei fantástica de verdade e ao mesmo tempo cheia de humor ("cozinha dos vurdóns"), a propósito de Leonardo da Vinci:


"Este, se fosse mudo, não teria problema algum. Sua obra fala mais de mil palavras, num dialeto universal.

"Tudo que é belo morre no homem, não acontece o mesmo na arte." Um gênio, sábio e calado de palavras, tagarela de pincéis..."


Por sua vez, a Ana (do blogo citado) também teve uma ideia e lembra Albert Camus:


"As quatro condições para a felicidade:

1) A vida ao ar livre 2) O amor a um ser 3) O desinteresse por qualquer ambição 4) A criação. (Albert Camus, Primeiros cadernos, Caderno nº 3, Lisboa, Livros do Brasil, sd. p. 125 )


Hoje trago-vos uma ideia: os livros de Irene Lisboa!


Esquecidos. Como ela.


Uma grande escritora, um poeta de valor...


Que encontrei no site da Livraria Lumière, do Porto, um dos tais sítios que pensa na qualidade.


Livraria onde há humanidade e não "comércio". E têm café!

(Historietas). Lisboa, Portugália editora, S/d. In-8.º; de 198-V págs. Ilustrado com desenhos de Keil Amaral


Aqui vos deixo, pois, umas ideias...


5 comentários:

  1. Tenho o «Uma mão cheia de nada outra de coisa nenhuma», mas não conheço o «Começa uma vida». São contos?
    Bom domingo! Um abraço

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  2. Maria João,
    que maravilha!

    Isabel

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  3. Entra a sócia n.2 ao serviço.
    Estou a gostar deste nosso "Clube dos poetas vivos". Ideias, algumas.
    Cada membro participa, da maneira que pode, ou sabe. Um texto, uma poesia, uma foto, tudo vale.
    Beijos a todos os membros e à nossa mentora um muito obrigado.
    Beijo do Alentejo!

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  4. MJ Falcão,
    Encantou-nos com esta primeira postagem do Clube dos Poetas Vivos.
    Já nos estou a ver a todos: de nariz bem levantado e com a voz bem ao alto a gritar pela verdade e a humanidade - contra o egoísmo e as injustiças!
    Beijinho. :)

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  5. É cara mentora M.J falcão, "adorei o nome", aqui fala a nº 7, a 5, 6, 8 e 9, mandam lembranças, bjs e abraços a todos os sócios irmãos. Porque irmãos? A verdadeira irmandade só é possível assim, não são as pessoas, nós, fracos humanos, pobres de carne. É mais, um ideal, um porque lutar e pra que viver.

    Cumpre-se assim sua carta de tarô: o falcão semeador.

    Não plantamos pensamentos, semeamos idéias, igualdade e conhecimento.

    bjs da cozinheira nº 7

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