quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Borboleta no Inverno ...

borboleta (foto de Tê ThanhTù)

Claude Roy sabe observar as coisas simples, aparentemente vulgares. Mas as coisas “vivem” da vida dos outros, do olhar dos outros. E tornam-se impressão indelével. Sugestão. Cor, silêncio, ou luz de Inverno.
É o que me faz lembrar o texto de abertura do livro “Chemins Croisés” (o primeiro volume, de 1992-1993). Inteligente, culto, cheio de humor e de sensibilidade – ou não fosse ele um poeta!  
Luz de Inverno (MJF)

“Samedi, le 1er Janvier 1992

O campo pôs um dedo nos lábios e disse: 'Shiu!' O silêncio obedeceu. A humidade do ar prepara-se a ser neve. Nem um gato lá fora. Ninguém, apenas um minúsculo lagarto que aparece ao abrir das portadas, persuadido que não devia ser um lagartito fora da estação, espantado consigo próprio. 
Alexei Savrasov, Os corvos voltaram 

Só dois corvos negros com o seu estranho acento rabugento na voz. Esta noite ouvi uma espécie de exclamação da coruja. 
a coruja na capa da minha agenda

Na imobilidade geral uma pequeníssima folha morta, de um amarelo pálido julga-se borboleta e gira, gira fingindo bater uma asa, só uma asa.”

borboleta cor de rosa

3 comentários:

  1. Basta-lhes uma nesga de sol para espalharem uma promessa de primavera.

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  2. Este ano vi tão poucas borboletas...gosto de ver borboletas, acho que trazem sorte e são lindas. Estas que aqui colocou são tão bonitas. A cor-de-rosa é invulgar. Acho que nunca tinha visto nenhuma. Gostei da corujinha:) e achei a sua foto da luz de Inverno uma maravilha:)
    Adorei todo o post:)
    Um beijinho :)

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  3. Claude Roy! Magnífico como poeta, romancista, activista e todas as facetas da vida. Uma grande personagem. Adoro a sua poesia tão particular, tão cheia de sensibilidade.
    Já voltei aqui...
    Beijinho

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