segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Bob Dylan ou o Prémio Nobel da Música e da Poesia de protesto....


Houve este ano um Nobel de Literatura musical: Bob Dylan. Na altura achei normal que o fosse. Não vou dizer se é justo ou injusto, simplesmente aconteceu e não há razão para que um poeta, que canta os seus poemas, seja afastado de um Nobel literário. Se bem que houvesse muito mais lógica em criar um Nobel para a Música. 
Um músico-poeta, um poeta-músico -e por que não? Depende da qualidade da poesia. Que, neste caso da poesia de Dylan, conheço mal. Porque quando ouvia e ouço cantar Bob Dylan ficam as canções no total e nem reparo nos versos dele. 
Robert Allen Zimmerman nasceu 24 de Maio de 1941, filho de emigrantes russos, no Minnesota. Prémio Nobel 2016, por ter criado novos modos de expressão poética no quadro da tradição da música americana”, o que não quer dizer absolutamente nada. 
Lembro Mr. Tambourin Man e a força da canção, da beleza da música e menos da letra, confesso. Canções de intervenção? Sim, de protesto e de denúncia.  
Bela a canção 'Blowin in the wind", criada nos anos 60. Os anos da marcha sobre Washington (1963), com Martin Luther King, os primeiros tempos de Bob Dylan. Quando quase improvisando, canta.
São, sobretudo, o grito do homem-poeta. E não eram assim os ‘bardos' de outros tempos? 
O bardo -poeta do Romantismo- que se lamentava -protestava- pelo seu sofrimento de amor? Sim. Mas também o seu grito de revolta.
E o ‘troubadour’ medieval o que era? Andava  de corte em corte cantando não só as penas de amor, mas dando notícias, ‘contando’ também das guerras, dos sofrimentos e protestando, criticando, se bem que, indirectamente, os 'senhores', nas canções de escárnio, de bem acerba crítica. E muitos deles foram grandes poetas, hoje vivos em ‘antologias’.

sábado, 26 de novembro de 2016

"CARNET" DE VIAGEM A TRIESTE I…E DESABAFOS!

E começa assim o meu 'carnet' da viagem a Trieste:

24 de Outubro de 2016,
A viagem de avião foi rápida -quase nem dei por ela! Vou já a caminho de Trieste, no comboio das 14 e 15. Chego daqui a duas horas e tal. O comboio partiu de Veneza há pouco e vejo desenrolar-se a paisagem da laguna.”

Um bocado pomposo o título, mas a verdade é que fui tomando notas, num caderno, "carnet", pelo caminho. Caderno novo, caneta nova, preparo-me para olhar e escrever…

Hoje, de regresso, reabri-o.

A meio, meteram-se as eleições americanas e acabo por me indignar com o resultado, quando apenas queria abstrair-me de tudo! Ouvia: “tanto faz um como o outro’ ou ‘ganhe quem ganhar, são os dois piores candidatos de sempre’ ou ‘vai ganhar o menos mau’ – o que não era verdade. 
Houve tanta expectativa! "Enfim, enfim, dôtôrra", diria a Milita, minha cozinheira em São Tomé.
Arturo Nathan, pintor triestino, A espera

Que erro! Porque nem eram iguais porque não tinham o mesmo programa – partindo já da ideia de que Trump nem programa tinha, a não ser querer ‘assustar’ os futuros eleitores, descontentes, com o espantalho dos ‘outros que vêm de fora’, o 'outsider', o estrangeiro. Limita-se a falar da insegurança e etc e tal. E da 'sua' segurança.
A verdade é que tudo é diferente no programa dos dois. Pouco importa, não quero prender-me aos resultados, vim para rever Trieste e pensar noutras coisas, mas vou reflectindo no quão perigoso é o medo das pessoas. 
e os índios?

O medo do futuro -com os novos migrantes (mas não foram os americanos, antes de todos, os primeiros ‘migrantes’ na América? O que teriam a dizer disto os índios das reservas?)- a violência que os mais ignorantes associam aos negros - tudo leva os inseguros a votar no engano do ‘populismo’, nacionalismo’, ‘proteccionismo’  do candidato Trump – o que não corresponde a nada, nem à verdade. Promessas, ameaças, insultos.
O pior candidato foi o eleito. Ambicioso, inculto, pouco sabedor, a não ser de finanças (dele). Rodeados de perigos: erguer muros, cortar liberdades adquiridas, de tudo se fala nos jornais italianos. 
"Como deixar a sala dos ‘botões’ à mão dum ser incontrolável politicamente?"
O candidato dos ‘desperados’? Sim. Dos que, no fim da picada, desesperançados, se deixam levar pela voz da sereia que tudo promete. Talvez nada esperem da vida e pensem que, já agora, tanto faz este ou aquele candidato. 
Hillary Clinton arrancou já ‘ferida de asa’, com uma série de ‘casos’ não resolvidos, de doença, de ameaças que iam aparecendo “au fure et à mesure” que Trump precisava deles. 
Casos antigos, emails, acusações lembrados e lançados para a mesa como balas. O último vai revelar-se fatal: os emails trazidos (em boa hora para Trump) pelo FBI. Demasiado -e propositadamente- tarde chegou o desmentido "afinal não era nada...". Bastou e foi o golpe de misericórdia para Hillary. 

Hoje, a frio, penso que um dos handicaps de Hillary foi ser mulher e querer ser homem e fazer um trabalho de homem. Talvez ainda não tenha nascido o dia de ‘ver’ uma mulher Presidente, na sociedade super-machista que é a dos  nos USA. 
Imenso o número de homens que ‘concordava’ com os disparates misóginos de Trump! Penso que nem as próprias mulheres americanas estão preparadas para isso, ou têm medo: basta ver o número das que aplaudiam, irreflectidamente, cada asneira e atitude de Trump.

Hillary tinha um programa que seria bom ter sido discutido e ver realizar: maiores oportunidades para as mulheres, bolsas de estudo para os universitários pobres. No final, lúcida, percebeu que a sua metáfora ainda não era realizável: uma mulher não pode rebentar o tecto de cristal do local onde decorria a sua campanha final!
Era a candidata ideal? Não era. Corajosa e competente, fragilizada, porém. Mas bateu-se como uma leoa pelo programa em que acreditava.
Fala-se do rottweiler, Rodolfo Giuliani, o antigo sheriff de New York da ‘tolerância zero’. Em 1990, a “law and order” que “limpou a cidade” como nos filmes, à força de discriminação racial. 
Giuliani o que defendeu Donald Trump, como um cão, durante a campanha, mordendo à esquerda e à direita. 
Talvez não haja outro cão na Casa Branca igual ao de Obama. "Donald e Melanie ficam-se por este rottweiler", diz-se a brincar.
Juncker, ironicamente, diz que "vão ser precisos dois anos para “ele” começar a aprender alguma coisa sobre a EU"
E outros dois para ‘aplicar’ o que sabe...
E Giuliani, Rudolfo, que quer substituir John Kerry - quer? Sabe? Não. ‘não sabe nada de política estrangeira nem de democracia”, dizem os jornais italianos (La Stampa). 
Está sol hoje, mas disseram que via chover!
E que importa tudo isto?, pensei de repente. Vou desligar! “Estou em férias ou não estou? Não vou pensar mais neles”.
Prometo voltar depressa com as histórias do meu 'carnet' de viagem!



terça-feira, 22 de novembro de 2016

Boa noite! "Quel Joli Temps" ~ Barbara



Ontem, entre sol, chuva e trovoada: Atrás do arco-íris!




HELP!

O que aconteceu ao blog? Deixou de ser possível escrever de modo a poder ver-se depois. Apenas uma página branca no sítio das letras e as fotos a boiar lá dentro...
O que aconteceu? "Anybody knows?", já perguntava o Leonard Cohen...

O que aconteceu ao blog?

O que aconte
ceu ao meu blog?

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Pintura de hoje, em Trieste e Meggi Pepeu

Meggi Pepeu
Trieste é uma cidade de cultura. De várias culturas, aliás, cidade aberta, porto franco durante muitos anos, soube aceitar os outros. 
Encontrei, numa velha agenda em que tomo apontamentos, esta frase de Frank Zappa (quem o não conhece?) e não resisto a pô-la aqui: 
"A mind is like a parachute. It does'nt work if it is not open..."
O que é perigoso, claro."Elementar, meu caro Watson!", diria Sherlock Holmes. Mas nem todos somos Sherlock Holmes, nem Frank Zappa. Alguns não entendem estas coisas de "abertura" do espírito, 'cegos' nas suas convicções, fechados ao outro...
Passeando pela Piazza dell’ Unità, como todas as noites, descobrimos na galeria do Município uma exposição temporária de uma pintora, artista gráfica. Chama-se Megi Pepeu e nasceu em Trieste.
Conhecê-la foi bom porque explicou um pouco do que pensava do mundo e da arte. Falou de viagens e de viajantes e, em especial, de uma sua viagem a Portugal. Falou da cidade, de que gostara muito, Évora, onde, há uns oito anos, fez uma exposição. 
Talvez volte a visitar Portugal, confiou-nos, e seria bom. É uma pessoa que fala a sério do que viveu, que ama os as pessoas venham de onde vierem, que não suporta o racismo: sente-se apenas ‘humana’, de raça apenas ‘humana’ e, a brincar ou a sério, diz-se talvez um pouco ‘canina’. Ama os animais e a tolerância.
A sua pintura é uma pintura suave aparentemente, mas fala de coisas grandes e duras. Um dos quadros que me impressionou foi esta imagem de um azul fortíssimo. O mar azul, de ondas encrespadas, à direita um choque de objectos vários, misturados com arames,  linhas agressivas. E, à esquerda, em baixo do quadro, uma camisola parece flutuar, abandonada. Explicou o que queria dizer, com palavras simples: o mar, os naufrágios modernos, as vítimas, a juventude perdida, morta, abandonada nas águas como aquela camisola frágil, cheia de desenhos coloridos.
Ou a ‘Memória do prado’ e nele, sinais do que o prado viu, ouviu: um primeiro amor, um encontro banal, a vida que passa, fugaz, o passarinho amarelo -brinquedo- que uma criança deixou. E o prado recorda as marcas de cores diversas hoje desaparecidas e que deixaram um 'sinal'. E o mar, sempre o mar, sempre o azul do mar!
Trieste e o Golfo, de Glauco Gambon
Tantos outros quadros onde se perde a memória das coisas; o que passou, e que não volta, o abandono da mulher do ‘Nu amarelo’.
E poesia - tanta poesia!- nos quadrinhos pintados sobre o papel que ela própria cria. Porque Megi Pepeu é, também, uma artista plástica e uma artista gráfica: o papel, a gravura, o material interessam-lhe.Pouco encontrei, na internet, sobre ela. Sei que, no passado ano 2015, em Novembro, inaugurou uma Exposição no Centro Creativo de Marino Sterle, em Trieste.